quinta-feira, 29 de julho de 2010
QUERIDO DIÁRIO
Hoje, meu amor, escrevi no meu diário:
Querido diário:
Não tenho mais assunto para falar do meu amor.
Dizem que o amor é infinito
É mentira!
O meu amor tem uma medida.
Vai do ponto em que eu concordo e abro as pernas
até o ponto em que eu discordo e fecho as pernas
Ai é melhor sentar e esperar
Por isso, não tenho mais assunto.
Chega!
Até o próximo amor!
Tõe Roberto
segunda-feira, 26 de julho de 2010
QUERO DIZER TEU NOME, LIBERDADE
Quero dizer teu nome, liberdade,
Quero aprender teu nome novamente para
que sejas sempre em meu amor
e te confundas ao meu próprio nome.
Deixa eu dizer teu nome, liberdade
irmã do povo, noiva dos rebeldes,
companheira dos homens, liberdade.
Teu nome em minha pátria é uma palavra
que amanhece de luto nas paredes.
Deixa eu cantar teu nome, liberdade que estou
cantando em nome do meu povo.
Thiago de Mello
quinta-feira, 22 de julho de 2010
O POETA!
Uma brisa intrínseca
trisca o mormaço
Um vento humilde
rabica o aço
Um trovão arisco
balança o cadafalso
Um relâmpago vivo
ilumina o palhaço
Uma turbulência casta
purifica falso
Um mergulho fundo
invade o mundo
Um sorriso largo
ganha espaço
O lápis caminha
e o poema nasce
Tõe Roberto
segunda-feira, 19 de julho de 2010
NEGROS OLHOS
De nós desprendeu-se um lado negro
Um veneno violeta
Um lamaçal
Uma penúria refletida no escuro dos nossos olhos
esmiuçando o pantanal
feito dois bichos
escondidos na penumbra de um momento
já pintado no olhar.
Nos abraçamos, um ao outro amedrontados
com os negros olhos
refletidos no luar.
Tõe Roberto
sexta-feira, 16 de julho de 2010
POBRE AMOR
Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!
Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!
Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!
Persiste na moral em que persistes!
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!
Aluísio Azevedo
terça-feira, 13 de julho de 2010
MARIETA!
Como o gênio da noite, que desata
o véu de rendas sobre a espada nua,
ela solta os cabelos… bate a lua
nas alvas dobras de um lençol de prata.
O seio virginal que a mão recata,
embalde o prende a mão… cresce, flutua…
Sonha a moça ao relento… Além na rua
preludia um violão na serenata.
Furtivos passos morrem no lajedo…
Resvala a escada do balcão discreta…
Matam lábios os beijos em segredo…
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Oh surpresa! Oh! Palor! Oh! Pranto! Oh! Medo!
Ai! Noites de Romeu e Julieta!…
Castro Alves
sábado, 10 de julho de 2010
quarta-feira, 7 de julho de 2010
SOBRE ONTEM À NOITE! II
Queria saborear o vento, a brisa suave da noite e
respiro apenas o furacão do meu peito.
Sinto apenas o frio abismo das minhas vísceras,
um vazio de medo, de nada!
Não me pergunte porque estou estou mórbido.
Não me pergunte porque a morbidez me cobre
os olhos e eu me enxergo disforme
Louco demais para me ocultar da morte, puro
demais pra me entregar à vida
Sobre ontem à noite nada ficou sem perguntas
nada obteve respostas
Apenas naveguei sem rumo e não achei caminhos
para tantas procuras
As encruzilhadas são tantas e meu delírio é tão presente
que chego a tocá-lo com a ponta da língua
delicioso sabor!
Tõe roberto
domingo, 4 de julho de 2010
NÃO TENHO PRESSA
Os dias passam rapidamente
São como os passos do apaixonado que
caminha para os braços da pessoa amada.
E eu não tenho pressa!
Não sei qual o motivo, mas não tenho pressa,
nenhuma pressa!
Talvez porque eu esteja chegando à fronteira
do meu tempo.
E depois dela sabe-se lá o que me espera
A dor?
O nada?
O entendimento da vida?
Não sei, não me interessa!
Eu não tenho pressa, nenhuma pressa!
Os dias passam, a vida passa...
E eu só ando devagar, não tenho hora pra chegar
Nem pressa!
Tõe roberto
quinta-feira, 1 de julho de 2010
REFLEXÕES DA ALMA
Todos os raciocínios dos homens não valem
o sentimento de uma mulher.
Antes que eu te formasse no ventre materno,
te conheci, e, antes que saísses do útero de
tua mãe, te consagrei, e te constitui a mais
linda entre às mulheres.
Porque mil anos são aos teus olhos.
Como o dia de ontem que passou, e como
a vigília da noite.
Mas o dia virá como o ladrão de noite, no qual
os céus passarão com grande estrondo, e os
elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as
obras que nela há se queimarão.
" Tous les raisonnements des hommes ne valent
pas un sentiment d'une femme."
Paiva netto
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