Ontem eu olhava a silenciosa tristeza das pessoas da cidade.
Nos ônibus, nos carros, nas filas, nos restaurantes... nas ruas.
A tristeza do dia, do brilho do sol, do cantar dos pássaros.
A tristeza das belas mulheres, do sorriso das crianças... a tristeza de tudo.
A tristeza absoluta!
Puxei o espelho do bolso, lá estava eu também imbuído de silenciosa
tristeza.
Como todos!
Com uma diferença:
Eu enxergava a tristeza de todos... a minha.
Ninguém enxergava a própria tristeza, nem a minha.
Me senti doente, não entendi a minha doença.
Me disseram que eu sou um pequeno-burguês.
Um pequeno-burguês!
Que diabo é isso?
Não sei, mas o mundo é assim mesmo:
O meu espelho diz isso.
O rosto das pessoas também.
De resto, a tristeza é a minha adorada mãe.
E eu a amo!
Com tristeza!
TõeRoberto