sexta-feira, 30 de abril de 2010
ENTRE O SER E AS COISAS
Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.
Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.
N`água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é,
pungindo, uma fogueira a arder no
dia findo.
Carlos d. de Andrade
segunda-feira, 26 de abril de 2010
AMOR DE OCASIÃO
Na rua dos desiludidos, procuro um amor
um amor qualquer!
Um desses que ande por ai sem rumo
desesperado
Não precisa ser sublime nem ter afeto
só precisa ser um amor
Um desses que se compra em qualquer
esquina que se troca por uma dose
de vodka, um favor qualquer
Um amor sem elos, sem pele,sem vísceras.
Um amor, apenas um pequeno amor
desses de ocasião
Desprovido de amanhãs, descartável como
amor que se preze
Um amor...
Desiludido, como qualquer amor.
Tõe roberto
quinta-feira, 22 de abril de 2010
AUSÊNCIA
Subir ao pico do Amor
e lá em cima
sentir presença de amor.
No pico do Amor amor não está.
Reina serenidade de nuvens
sussurrando ao coração: Que importa?
Lá embaixo, talvez, amor está,
em lagoa decerto, em grota funda.
Ou? mais encoberto ainda, onde se refugiam
coisas que não são, e tremem de vir a ser.
Carlos d. de Andrade
domingo, 18 de abril de 2010
COM OU SEM!
Apenas se trata de sexo
puro ou simples
Com mais ou menos picante
Com mais enlevo ou paixão
Com doçura ou tesão
Tudo sem complicação
Com ou sem cartão
Mas nunca mais com coração
Extroversão...
Perversão...
Ambição...
Resumindo...
Sexo apenas!
Doce pecado
quarta-feira, 14 de abril de 2010
SER
O filho que não fiz
hoje seria homem
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Ás vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
Carlos d.de Andrade
sábado, 10 de abril de 2010
MEMÓRIA
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
á palma da mão.
Mais as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos d. de Andrade
terça-feira, 6 de abril de 2010
LEGADO
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Carlos d. de Andrade
sexta-feira, 2 de abril de 2010
TRANSBORDANDO
Do amor, ficou um poço de tristeza
E bebo dele a cada manhã dos meus dias
e ele nunca se esgota
E mais eu bebo, mais ele se enche
e mais ele se enche,
mais eu bebo
Amanhá
Transbordaremos
E o que sobrou do amor não sera
bonito de se ver.
Tõe roberto
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